Doroty Stang - Seis tiros - Um na cabeça e cinco no corpo
Enquanto ia tirando o pó dos móveis ia pensando...
Enquanto ouvia Ludovic Einaldi ia pensando...
Enquanto andava de um lado para o outro ia pensando...
Enquanto comia minha granola com soja ia...
e depois com a agua do chuveiro caindo em meu corpo continuei pensando...
Eu que sempre detestei essa cidade
Eu que sempre detestei esse país
com suas novelas
seus big brother
sua corrupção
seu mensalão
sua pouca vergonha
sua esculhambação
Não conseguia entender
nunca consegui entender
desde aquele dia miserável quando vi pela TV
seu corpo
O corpo de uma senhora idosa caído na lama
sujo e ensanguentado
o rosto cinza enrijecido
a mão na boca
segurando o grito...
nunca mais andaria
nunca mais brincaria com as crianças sobre os joelhos
Enquanto ouvia Ludovic Einaldi ia pensando...
Enquanto andava de um lado para o outro ia pensando...
Enquanto comia minha granola com soja ia...
e depois com a agua do chuveiro caindo em meu corpo continuei pensando...
Eu que sempre detestei essa cidade
Eu que sempre detestei esse país
com suas novelas
seus big brother
sua corrupção
seu mensalão
sua pouca vergonha
sua esculhambação
Não conseguia entender
nunca consegui entender
desde aquele dia miserável quando vi pela TV
seu corpo
O corpo de uma senhora idosa caído na lama
sujo e ensanguentado
o rosto cinza enrijecido
a mão na boca
segurando o grito...
nunca mais andaria
nunca mais brincaria com as crianças sobre os joelhos
Hoje eu consigo entender
ainda que vagamente
porque
deixou seu país e sua segurança
ainda que vagamente
porque
deixou seu país e sua segurança
Naturalizou-se brasileira,
foi professora de um seminário e ajudou a construir escolas em Anapu
e a treinar professores
Percorreu boa parte das estradas esburacadas da floresta em sua lambreta,
foi professora de um seminário e ajudou a construir escolas em Anapu
e a treinar professores
Percorreu boa parte das estradas esburacadas da floresta em sua lambreta,
declarando uma paixão incondicional pela natureza.
Quem pode entender isso?
A garotinha que acompanha o voo da borboleta,
A jovem cuidadora de idosos que ajuda um senhor idoso a levantar da cama
O casal de idosos que contempla um pôr-do-sol magnifico
A jovem cuidadora de idosos que ajuda um senhor idoso a levantar da cama
O casal de idosos que contempla um pôr-do-sol magnifico
A dona de casa que admira seu arranjo de rosas
Todos os que centram sua atenção na beleza e no amor ao próximo
Todos os que centram sua atenção na beleza e no amor ao próximo
aqueles que conseguem ver
tocar
cheirar
sentir
e ouvir
pessoas
animais e
plantas
com todas as forças da natureza incidindo sobre eles
Território selvagem
a noite os fazendeiros se reuniram na sala
conversaram
fizeram planos
tomaram medidas
tudo pronto
selaram o futuro
enquanto bebiam e comiam
Cinquenta mil reais
conversaram
fizeram planos
tomaram medidas
tudo pronto
selaram o futuro
enquanto bebiam e comiam
Cinquenta mil reais
Eu não consigo
Meu Deus do céu me deixa fora disso
Eu não consigo
eu não consigo entender
essa esculhambação
Eu quero ser como todos
Eu quero ligar a televisão
e torcer pela maldade de uma tal de Carminha
e uma tal de Nina
Como são lindas!
é só o que falam o dia todo
eu quero ficar feliz com a miséria alheia
eu quero ser promiscua
eu quero ser ladrona
eu quero ser assassina
eu quero ser vagabunda!
É isso que vinga
Meu Deus, me escuta
A cor é verde
verde-esperança
Nos livra disso:
A cor é verde
verde-esperança
Nos livra disso:
Reyfran das Neves seu assassino.
Culpado de homicídio duplamente qualificado,
praticado com promessa de recompensa,
motivo torpe e uso de meios que impossibilitaram a defesa da vitima.
Está no semiaberto desde 2010.
Trabalha no almoxarifado de uma instituição do governo.
Pega ônibus, tem celular e tempo para o namoro
recém-engatado com a funcionária de uma creche
(Foto acima)
Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, coautor do crime, se
aproveitou do regime aberto, que permite passar o dia livre,
para não mais
voltar. Está foragido. (foto acima)
Amair Feijoli da Cunha, o Tato,
intermediário do
assassinato, cumpre pena em regime domiciliar numa
fazenda no interior
Tato está sempre flanando pelas ruas do município de
Tailândia, a passeio ou atrás dos afazeres com o gado.
Sua única obrigação é se apresentar à delegacia local
uma vez ao mês.
O crime encomendado pelo valor de R$ 50.000 pelos
fazendeiros Reginaldo Pereira Galvão, o "taradão"
(foto acima)
E Vitalmiro Bastos de Moura o "Bida"
(foto abaixo)
Mlailin
Comentários
O blog é uma voz... e voce a utilizou com maestria.
Adorei o desfecho com a música de Morriconi...perfeito!
Bjos