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Mostrando postagens de agosto, 2011

DIÀLOGO

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Tentou contar-lhe tudo sobre si mesma Ele estava apenas a alguns passos dela Não era feliz? Foi isso o que disse? estava vendo tudo deformado Era terrivelmente estranho - E se você começar a ver o mundo pela janela e não se olhar no espelho? Como você aceitaria o mundo? Aceitaria como seu mundo? - Eu estarei lá fora junto com as nuvens ou dentro de uma estrela. O mundo é cada pedaço de mim. - E se juntasse todos os pedaços? - Não caberia dentro de mim, tenho de partir. - Posso levar um pedaço dessa partilha? O que sobraria? - Uma imensa solidão. Márcia Lailin

STORGÉ

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E do que falavam agora De Johnny Cash de Doors Do caráter dos governantes Dos livros que seriam entregues Do café que não foi tomado Prestava atenção nele E na impressão que ele lhe causava Imaginou o tom da sua voz Fazia-lhe bem Seria sempre assim? Abandonou-se a ele completamente Até mesmo fechou os olhos Enquanto colocava o rosto em seu peito Piscou os olhos e como uma criança ao ver o mar da sua janela e observar milhares de gaivotas voando próximo as ondas Fechou os olhos e sentiu alguém dentro dele. Márcia Lailin

FRIO...

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Hai cai Manhã de frio Com o agasalho visto Saudades de minha mãe...

Johnny e June Cash

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A que hora sai o próximo trem para Paris? Estou deitada de costas e, enquanto espero a resposta, estou ansiosa, tensa Depois de alguns segundos de espera, repito a pergunta As dez e meia da noite, responde-me com pouco caso Tenho que ir... Logo... logo... não há tempo a perder Eu preciso estar em Paris. Quando ele canta eu tenho que ouvir Aproxime-se mais um pouco Quero falar sobre June E poderia prazerosamente falar sobre June durante longo tempo O amor que lhe devoto não tem limites Descrever momentos felizes, mencionando nomes e circunstâncias A primeira vez que a viu cantar, foi ao seu encontro e nunca mais a deixou Para Johnny e June In memoriam Márcia Lailin

A partida

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Fábio Matos morreu Morreu apesar das minhas constantes tentativas para salvar-lhe a vida Apesar dos melhores médicos e o melhor hospital Apesar da limpeza e da alimentação Apesar do meu amor e da minha dedicação Morreu depois de ter passado por uma pavorosa luta para conservar a vida Morreu em silêncio... Pode-se dizer que morreu contente com essa saída Que o sofrimento lhe dava, Sentindo-se até feliz Chegou num ponto em que a morte não precisou mais fazer uma grande esforço Para leva-lo embora. Sento na beirada da sua cama procurando sua mão Sussurro em seu ouvido: “Estou ouvindo algo... Ouço a nossa melodia... Como sempre querido....” Olho para a janela aberta, o céu azul claro Enquanto isso, ele dá um último suspiro “Onde começo? Era como um sol E agora um corpo sem vida, escuro e frio” - Márcia Lailin (in memoriam)

Procuro meu pai...

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Dália,            Li seu pedido, na página 7, no jornal Guia de Carapicuíba de número 16.    Consigo me colocar na sua situação e sentir o que você sente. Os estudiosos dão a isso o nome de empatia que significa: sentir a dor da outra pessoa em nosso coração. Recebi essa manhã pelo meu email uma mensagem de uma leitora sensibilizada com o seu pedido. Esta transcrito abaixo:                        Também perdi o meu pai, perdi-o por várias vezes e na última vez para sempre. Uma vez ouvi dizer que ele não era o meu pai. Mas como um pai o único que você conhece não pode ser o seu pai? E como pode alguém dizer que seu pai não é o seu pai? Somente um espirito de porco pode dizer isso pra alguém.            Muitas vezes encuco pensando: A gente perde o que nunca teve? Mas, no meu caso, não foi assim de repente para depois se tornar um desaparecimento. Foi devagarzinho, em gotas. Um lento sofrimento. Começou na bebida e no descaso para com as necessidades físicas e materiais da esposa e n

Para meus pais (in memoriam)

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Nunca fui como todos Nunca tive muitos amigos Nunca fui favorita Nunca fui o que meus pais queriam Nunca tive alguém que amasse Mas tive somente a mim A minha absoluta verdade Meu verdadeiro pensamento O meu conforto nas horas de sofrimento não vivo sozinha porque gosto e sim porque aprendi a ser só... Florbela Espanca e EU (é como se fosse minhas palavras)

A Verdade

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Se você não contar a verdade sobre si mesma não pode contar sobre as outras pessoas Virginia Woof

VINTE ANOS DEPOIS

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Mas o que aconteceu? Perguntei, enquanto Dona Yole ia contando os fatos que culminaram com a tragédia. O que sabia sobre os suicidas? Nada. A não ser o que Dante Alighieri havia escrito em sua “Divina Comédia” onde ele colocou os suicidas no segundo recinto do sétimo círculo infernal, transformando em espécies de árvores, eternamente dilacerados pelas harpias, monstros fabulosos, com rosto de mulher e corpo de ave de rapina. Procurei as palavras, as palavras certas para dizer que não iria, procurei uma raiva por essa covardia maldita, mas não encontrei nada. Abaixei os olhos enquanto dizia: “Conta comigo” Na realidade eu dizia: “Eu farei isso, especialmente por você, minha amiga, porque você significa muito para mim”. Sentei na cadeira ao lado da cama e olhei o rosto daquela mulher que dormia. Senti uma angústia muito grande, em parte pelo seu trabalho, pelos seus filhos, pela importância que um dia ela teve em minha vida e por estar desperdiçando a sua vida. Para ela dava no mesmo

A CAPACIDADE DE CONTEMPLAR

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A capacidade de contemplar Nenhuma pessoa sensível é capaz de olhar para cima Numa noite de céu limpo sem indagar-se de onde vieram as estrelas Para onde vão, e o que sustenta o universo em ordem As mesmas indagações surgem quando nos voltamos para o universo interior, Dentro do corpo humano Refletir sobre as maravilhas do corpo humano Olhar pensativamente as estrelas... A capacidade de contemplar A graciosa elegância nas manifestações da natureza É uma das mais satisfatórias experiências das quais o homem é capaz... Contemplar algo infinitamente maior que o nosso próprio eu consciente Faz com que todos os nossos problemas diários se encolham Quando comparados Experimenta-se uma serenidade e paz mental que pode ser alcançada Exclusivamente através do contato com o sublime  Márcia Lailin

ASAS QUEBRADAS

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Sinto-me como se tivessem quebrado as minhas asas Encolho-me numa concha de auto piedade Reconheço que mesmo que prefira uma família È inacessível Estas incluem a procura O tempo para cultivar amigos e campos de interesses Tenho a liberdade de fazer minhas próprias decisões E as oportunidades de ampliar os limites de minhas amizades e de fazer o bem a outros Sei disso Todavia Posso enfrentar o desafio por meio de esforço positivo E assim viver uma vida produtiva Mas, todo dia esse desafio! Isso me cansa Márcia lailin