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O crepúsculo da noite - Charles Baudelaire

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O Crepúsculo da Noite XXII O CREPÚSCULO DA NOITE O dia acaba. Uma grande paz surge nos pobres espíritos fatigados pelo trabalho da jornada e seus pensamentos  tomam agora as cores ternas e indecisas do crepúsculo. Entretanto, do alto da montanha chega à minha sacada, através das nuvens transparentes da tarde, um grande uivo, composto por uma multidão de gritos discordantes que o espaço transforma em lúgubre harmonia, como a da maré que sobe ou a ameaça de uma tempestade. Quem são os desditosos que a tarde no acalma e que tomam, como as corujas,  a chegada da noite como um sinal do sabá?  Esta sinistra ululação nos chega do negro hospício empoleirado sobre a montanha;  e à tarde, fumando e contemplando o repouso do imenso vale,  arrepiado de casas onde cada janela diz:  “A paz agora está aqui, está aqui a alegria da família”, eu posso,  quando o vento sopra do alto, embalar meus pensamentos assombrados por essa imitação das harmo