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Mostrando postagens de março, 2011

Através dos olhos dela

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          Estava quase cochilando quando ouviu a voz do carteiro. Desceu as escadas e recebeu o envelope laranja. Assinou o papel e subiu as escadas enquanto olhava detalhadamente a encomenda endereçada a ela. Nena dormia um sono agitado. Passou a mão em sua testa e beijou o seu rosto e com o envelope ainda em suas mãos sentou próxima ao computador. Parou alguns minutos lendo o endereço do destinatário. Imaginou onde seria. Não teve coragem de abrir sozinha, precisava de alguém que segurasse suas mãos. Fechou os olhos. Folheou página por página era como se fitasse a sua alma largamente escancarada...   O sangue gelou nas veias enquanto caminhou em sua direção. Não era mais ela própria, essa sala, essa tela, esse cheiro. Não era mais ela própria recebendo uma visita desconhecida pelo qual sentia uma sutil e perturbadora e inebriante atração. Longos anos de paciente espera, guerras, desastres, abandono, evolução e mudanças, idade de trevas de lutas e preconceitos tudo trabalhara para o c

Sem meias palavras – Lau Siqueira

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Para os poetas de sábado à noite Antes de fechar a porta ainda ouviu sua filha dizer que era louca, onde já se viu sair num sábado chuvoso quase 7 horas da noite pra ir ao centro da cidade ouvir poesias. Não soube o que responder, não sabia quem não entendia quem. Não via nenhum empecilho a não ser a dor que estava sentindo na sola do pé. Isso era só um detalhe.  Faria um esforço além do normal para colocar os pés no chão. E outra, do metrô até a casa das rosas eram duas quadras. Havia assumido um compromisso. Havia dito que iria. Ainda ouviu sua filha dizendo: “Não sei onde arranja tanto pique”. Ela também não sabia. Sabia que somente um terremoto a impediria de seguir em sua decisão. Ia não porque se sentisse na obrigação de ir. Ia porque era preciso conhecer a voz, o sorriso, os sentimentos que moviam os donos daquelas fotos em quadradinhos, homens e mulheres que carregam cheiros de flores e de poesia e na sua casa lhe fazem companhia de longe. Chegou com a luz apagada

Os mortos contam a sua história

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                Domingo dia 13 de fevereiro. Olhei para fora da janela, parara de chover e era evidente que o dia ficaria nublado. Havia despertado com uma sensação de peso atrás da cabeça, parecia também estar com o coração oprimido como se estivesse num mundo sombrio vivendo num castelo gótico esfarelando-se. Tudo começou durante a noite quando tive dois sonhos que me deixaram com o corpo gelado, uma sensação de pânico o coração batendo mais forte. Pensei em levantar e anotar em minha agenda, mas o peso do corpo me fez ficar na cama. Uma sensação ruim percorria minhas veias e parecia não ter fim. Levantei assim que o dia nasceu e comecei a pensar no primeiro sonho. Havia sonhado com o filho da minha vizinha um homem viciado em drogas e ex-presidiario. Sempre que ele me vê na rua arruma um jeito de se aproximar e dar algum tipo de cantada. Educadamente tiro o corpo fora me fazendo de desentendida. No sonho ele se aproximou de mim falou alguma coisa que não lembro mais e vi o s