Despedida
Nem sempre acordar na madrugada com frio, com dor e depois com fome é ruim.
Exceto por esses três motivos tive uma boa surpresa, pois ao ligar o PC encontro Zilda on-line. No momento pensei que ela estivesse as voltas com suas costuras. Ela esperava seu filho caçula chegar. Não costumo ficar on-line, mas desta vez valeu a pena. Valeu a pena porque eu estava com saudades. Depois de ter me dado um monte de conselhos amorosos disse que seu marido esta internado no Incor. Mesmo não vendo e não ouvindo sentia que estava infeliz. Nos despedimos e eu desliguei o PC e fui dormir. Não lembro se bebi um chá ou comi um pedaço de pão. Sei que deitei e virei durante longo tempo de um lado para outro tentando esquentar o corpo gelado. Não sei o que acontece com minhas cobertas. Demorei algum tempo nessa luta. Acontece que depois disso dormi e sonhei. No inicio não me importei, pois caminhei por lugares conhecidos. Era a cidade que deixei no inicio do ano. Desta vez estava retornando a ela em sonho para me despedir em definitivo e assim fiz questão de ir e não interromper. Olhava o Atlântico logo a minha frente... Engraçado como em sonhos as imagens são diferentes daquilo que vemos acordados, se parecem com fotografias. Comecei a seguir em direção de capim macio. Na metade do caminho eu me perdi escutando vozes de pessoas dentro das lojas e do barulho dos carros, mas depois eu observei que o muro do mercado estava do meu lado, e reconheci a calçada cheia de árvores, a rua que cruzava com outra e na esquina as luzes do bar que ficava a noite toda aberto. Era só virar a direita. Foi na metade da rua que o vi com seu irmão e mais alguém que agora não sei dizer quem era. Mas se não me falha a memória era o vigia do prédio. O mesmo que recebeu as chaves. Quando me viu seu rosto se iluminou mas depois foi mudando e o prédio já não era mais o mesmo e seu rosto foi se deformando em fisionomias desconhecidas subindo e se dirigindo para a porta da sacada. E agora já não estava mais na rua próximo a mim, mas no alto e em embaixo olhando para cima. Ouvi minha voz dizendo: "É sempre uma pena quando essas coisas acontecem. É uma pena". Foi então que notei mãos massageando meus pés como a me dizer relaxa e fica. Eu não queria relaxar e nem ficar, queria acordar porque essa história terminou ali naquele sonho. Comecei a forçar o acordar. Comecei a implorar: "Preciso acordar, preciso acordar!" Mais do que isso, desejava não somente acordar do sonho, mas do sono. O sonho se dissipou e eu continuei a dormir com ele gravado totalmente em minha mente até a noite de hoje.
Comentários
e os sonhos, sonhos são." - Calderón de La Barca.
tendo que ser ligada
na tomada
tudo muito lento
em câmara lenta
sigo
ouvindo gritos atrás de mim
Vai
Anda
mais rápido
Olho para a cara deles e pergunto
Quem são?
De onde vieram?
onde vivem?
Para onde vão?
♥