Câmara Municipal de Carapicuíba - Impeachment do Poeirinha
Câmara Municipal de Carapicuíba – 11 anos depois
Olhem a foto, nada mudou. Nem
mesmo a pintura ou o orelhão na frente da entrada. Logo mais ás 18hs haverá a
famosa reunião lá no porão cheirando a mofo. Eu estarei lá, 11 anos se passaram, a última vez foi em 1998.
Serei eu novamente quem sentará na plateia
com ar de estafa com uma estranha sensação a percorrer o meu corpo. Ou não
serei eu?
As recordações erguem... as cortinas e rompem o véu sobre os
meus olhos...
07.07 – Casa de leis. Desço as
escadas e sigo ate um porão. Na primeira porta a minha direita é onde entram os
vereadores e é onde fica um segurança impedindo
que desordeiros entrem e corrompam a ordem. Sempre que estou aqui me
faço a mesma pergunta: “Pode alguém sentir orgulho de estar aqui dentro, nesse
muquifo?”. Hoje será dado ao povo informações sobre a ação judicial contra o
prefeito Jorge do Poeirinha. Umas 100 pessoas estão do lado de fora e outras
200 dentro da câmara. O PT contratou perueiros e lotações que congestionam a Av
Miriam descarregando homens, mulheres e crianças. A plateia esta coberta de
faixas: “Fora ladrão”. “Carapicuíba precisa ser feliz”, “Fora poeirinha”. Uma
panela de pressão. O vereador Claudionor começa o seu discurso citando o
paragrafo primeiro da constituição: “Todos são iguais perante as leis”. Assim
como na Revolução dos bichos de George Orwel onde uns eram mais iguais do que
os outros. Terminou lendo o artigo 44 da lei orgânica. Na mesa, os vereadores
Marcelino, Claudionor, Helinho e Everaldo estão rodeados por quatro pilhas de
pastas com papeis amarelados. Devem ter pego lá no arquivo morto da câmara.
Julgam-nos idiotas e com razão já que os elegemos.
Um a um, eles os vereadores, e
depois os líderes comunitários sedentos de uma vaga nas próximas eleições
começam a fazer os seus discursos em nome da restauração da moralidade da
administração pública, abalada por seguidos escândalos de improbidade desde que
a dupla Ikeda/Wanderlei Coelho passaram a controlar a máquina municipal.
Agora é a vez do vereador Claudionor
discursar: “Se tem facções brigando pelo poder não faço parte dela. Quase dois
anos estou aqui lutando para que essa cidade ande. Quando foi que essa cidade
viu uma luz no fim do túnel? Povo, prestem atenção no que diz esse maldito requerimento”.
Eu hein, antes tivesse ficado com o professor Miguel Costa Junior lendo Beleza negra.
Eu hein, antes tivesse ficado com o professor Miguel Costa Junior lendo Beleza negra.
Sou acordada pela voz inflamada
de Wilson Marcelino: “Jorge do Poeirinha só quis garantir a sua linha de ônibus,
tomou uma concessão de transportes coletivo do Himalaia. O troco vai ser dado
pelos políticos da cidade. Tá humilhando o povo desta cidade. (O povo é sempre
alguém menos privilegiado que você) O prefeito faz mal a saúde. Esse prefeito é
um incapaz um capeta e nos vereadores estamos trabalhando para lança-lo fora”.
E assim segue uma CPI que tem
tudo para ser inútil – tão inútil quanto foram todas as outras instaladas nos
últimos anos. Iniciativas que só visam pressionar o executivo, promover
composições políticas e servir de palanques para alguns. No final o real
objetivo da investigação será deixado de lado e os supostos envolvidos acabam
sendo perdoados diante de trocas vantajosas de favores entre ambas as partes.
Amanhã todos os jornais terão a
mesma história, a história oficial, escrita pela assessoria de comunicação da
prefeitura. Srta. Eny Amazonas e depois enviada aos jornais de nossa cidade e
vizinhança com o intuito de disfarçar as mazelas dessa administração, fingir
que tudo está legal, a vida é assim mesmo. Então produzem a história oficial
das irrelevâncias de modo que esqueçamos a história principal, muito complexa
por sinal e afinal de contas o povão não entende.
(Cont...)
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Comentários
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