Poesia erótica
“Beije-me ele com os beijos da sua boca,
porque as tuas expressões de afeto
são melhores do que o vinho.”
(Cântico de Salomão 1:2)
“Sou uma muralha,
e meus peitos são como torres.
Neste caso me tornei aos seus olhos como aquela que acha paz.” — 8:10.
Exterior
Por que a poesia tem que se confinar?
às paredes de dentro da vulva do poema?
Por que proibir à poesia
estourar os limites do grelo
Por que a poesia tem que se confinar?
às paredes de dentro da vulva do poema?
Por que proibir à poesia
estourar os limites do grelo
da greta
da gruta
e se espraiar além da grade
do sol nascido quadrado?
Por que a poesia tem que se sustentar
de pé, cartesiana milícia enfileirada,
obediente filha da pauta?
Por que a poesia não pode ficar de quatro
e se agachar e se esgueirar
para gozar
– carpe diem! –
fora da zona da página?
Por que a poesia de rabo preso
sem poder se operar
e, operada,
polimórfica e perversa,
não pode travestir-se
com os clitóris e balangandãs da lira?
Waly Salomão
A bunda que engraçada
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
A bunda, que engraçada.
Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai
pela frente do corpo. A bunda basta-se.
Existe algo mais? Talvez os seios.
Ora – murmura a bunda – esses garotos
ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas
em rotundo meneio. Anda por si
na cadência mimosa, no milagre
de ser duas em uma, plenamente.
A bunda se diverte
por conta própria. E ama.
Na cama agita-se. Montanhas
avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda. Vai feliz
na carícia de ser e balançar.
Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda,
rebunda.
Carlos Drummond de Andrade ♥
Dama
uma dama
em chama
me chama
pra cama
Tchello ♥
♥
Amemos
amemos
a menos
que o amor
de vênus
seja menos
com camisa
de vênus
Tchello
♥♥♥
Monumento
monumento
tu
nua
num
momento
sem
nem
um
movimento
Tchello
♥
Nuvens
nua vens
eu nas
nuvens
Tchello ♥
♥♥
Moralidade
Menina, sê ardente,
Mas prudente,
Se sentires calores
Sedutores
Embaixo do teu ventre,
Que não entre
Tua flor de donzela
Uma vela,
Pois logo o castiçal
– Por teu mal –
Lhe iria atrás, matreiro,
Quase inteiro.
Em templo tão estreito,
Vá com jeito
Teu dedo em sua gana,
E a membrana
Só rompa, do hímen teu,
O himeneu.
Theophile Gautier ♥
Elizabeth,
Conheci toda a sua vida
Conhecia seu horário, seus hábitos
distinguia seus passos no chão estrelado
Sua existência era de tal maneira linda
E eu a comtemplava fascinada
porque não tinha nada no rosto
nem uma marca, nem uma mancha
sinal ou cicatriz
Somente você sabia
onde eram os ataques mais sérios
e as mordidas mais profundas
lailin
♥♥♥
Marlene ♥
♥ 100 palavras
♥ se não acredita em magnetismo depois disso...
♥
Mlailin
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