Noite densa, noite de trevas - MISSING
Noite densa, noite de trevas.
Ana Paula Moreno Germano, naquela noite havia dito a sua mãe que deixasse sua janta dentro do micro-ondas, jantaria mais tarde quando chegasse, estava atrasada. Era quarta-feira dia de ir à igreja. Por volta das 5 horas da manhã, do dia 03.10.2009, deu um beijo na mãe e saiu rapidamente antes que se atrasasse mais ainda. A noite estava agradável, noite quente de verão. As pessoas voltavam para casa e algumas caminhavam com pressa tendo nas mãos sacolas de compra de supermercado. Ana estava feliz, tinha participado no concurso para mudança de cargo na empresa e tinha certeza de que sairia vencedora. Sorrindo a jovem disse, de si para si, como estou feliz! Lembrou-se que durante quase um ano tinha se submetido a longos finais de semana trabalhados e agora iria colher os frutos. Ali sentada no ponto do ônibus com as mãos no colo, tinha no rosto delicado e jovem, de lindos olhos azuis a expressão grave e ingênua de uma criança. Sentiu alívio quando ao fim de vinte minutos, viu aproximando-se do cruzamento o seu ônibus. Levantou-se para dar o sinal e seu corpo esguio foi desaparecendo, tornando-se confuso, se misturando as sombras da noite.
Onze horas da noite. Sandra a mãe tinha a garganta seca. A quietude da casa e da rua aumentava deixando-a em pânico. Uma voz apreensiva dentro de si chamava Ana, Ana, Ana... Levantou-se e começou a passear pela casa. Estava imaginando coisas terríveis. Pela janela pôs-se então a examinar com ansiedade os carros que passavam. A meia noite disse a si própria que iria fazer o mesmo trajeto. Chamou uma vizinha e as duas caminharam alguns quarteirões por ruas desertas. Fingia que estava tudo normal. Mas, enquanto caminhava, sentia um frio apoderar-se do coração. Confusa, procurava a filha em meio à escuridão. Deveria continuar ou esperar por ela em sua casa? Eram meia noite e meia quando fez um sinal para um taxi. Com toda certeza Ana estava em casa, já deitada no seu agradável quarto. E devia estar preocupada, por causa dela. Onde mais poderia ela encontrar-se? Um quadro mental ao mesmo tempo vívido e terrível atravessou-lhe a mente – um atropelamento, um sequestro, um quarto de hospital, Ana inconsciente, numa cama? Não ia permitir esses pensamentos... Em casa, encontrou a casa vazia. E, então, o frio que sentia no coração tomou conta de todo o seu corpo. Uma hora, uma hora e vinte. Sentiu qualquer coisa na garganta; tampou o rosto com as mãos e deixou as lágrimas escaparem. Quando faltavam dez minutos para as duas, chamou novamente um taxi, e indicou-lhe o caminho para o posto policial.
Márcia Mesquita em 13.05.2011
Hoje em 13.11.2024, quinze anos depois, as investigações sobre o desaparecimento foram suspensas e o caso foi arquivado.
Marcia Payne - Los Angeles CA
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