Os urubus estão chegando

Dia 13 de fevereiro, domingo, logo pela manhã liguei para a telefônica pedindo que ela fizesse a transferência da minha linha da Av. Cacilda 215 para a Av. Cacilda 178, duas casas depois. Feito o pedido comecei a esperar. Em virtude de ter urgência, pois dependo da internet, fiquei atenta aos carros da telefônica que passavam pela rua. Se não me falha a memória, já falhando, acho que foi na terça ou na quarta da semana do dia 14, encontrei na rua um carro da telefônica e seu motorista. Perguntei a ele se tinha o meu pedido, ele disse que não e perguntou onde eu morava, eu mostrei. Então ele começou a dizer que a telefônica cobrava um absurdo mais de 90 reais para fazer essa transação e que ele cobraria mais barato, 70 reais, então começou a explicar o modo de agir. Eu tinha que ligar para a telefônica e cancelar o pedido, e ele não só puxaria o fio, mas também instalaria dentro de casa e faria o serviço do speedy e tudo o que eu tinha direito e que a telefônica não faz. E eu devia fazer isso o mais rápido possível, antes de eles mandarem alguém. Depois de explicar todos os detalhes e perguntar se eu havia entendido. Ele me deu o seu telefone. Dois números escritos em um papel branco. Fiquei com aquele papel na mão numa tentação de fazer dó. Então decidi esperar. Acredito que ele não, pois duas horas depois o telefone do meu inquilino que é um senhor chinês, mal fala portuguêse mora no fundo da minha casa, tocou e alguém dizendo ser da telefônica pergunta se estou em casa. A telefônica não ligaria pra mim nesse número. Eu não dei esse número a ela, quando me pediram um número de telefone eu passei o número do meu celular. Quem poderia ter feito essa ligação. Quem poderia estar atrás de mim? Alguém que desejaria ardentemente 70 reais?
Bom, no domingo dia 20, uma semana depois, preocupada com o meu pedido, liguei para a telefônica e perguntei a quantas andava o meu pedido de transferência. A atendente disse que foi cancelado pelo sistema. Fiquei pensando cancelado, mas se não tinha recebido nenhuma visita e não liguei a eles cancelando nada! Já a ponto de explodir com a atendente, resolvi derrubar a ligação. Aprendi com a SABESP e com a Eletropaulo que quando nos exaltamos com os seus “serviços” é pior para nós. Eles costumam nos punir. Devem ter até um livro sobre isso nas instalações da empresa para o aprendizado dos seus funcionários. Se alguém já recebeu um desses que chegam à sua casa, alguns de moto e até mesmo sem uniforme. Perguntando se sua conta do mês está paga, sabe do que eu estou falando. Eles simplesmente entram.Se o morador estiver presente e não deixar, eles ameaçam esburacar a calçada, ou então dão um jeitinho e entram outro dia quando encontram uma criança inocente de nove anos, ou alguém que mora na casa e por alguns segundos eles conseguem cegar o raciocínio da pessoa para fazer o que eles pedem. Dizem que só vão olhar o relógio. E lacram numa rapidez impressionante. Mesmo que a conta esteja dentro de casa paga, e somente o morador que não se encontra no momento, pois alguém tem de trabalhar para pagar as mazelas dessa vida, sabe onde está. E o morador recebe um mês depois uma multa de quase 50 reais para religamento da água. E não tem conversa. Só resta ao morador pagar, e tomar um diazepan pra evitar um AVC. Um golpe lucrativo!
Sabendo de todos esses fatos que ocorrem em minha vizinhança diariamente, derrubei a ligação e pensei: E agora? Liguei novamente e pedi que fizessem o pedido novamente. Ao final a atendente me pediu que desse a  nota para o atendimento. Dei a mais alta possível.  E fiquei todos os dias de plantão. Quanto havia necessidade de sair deixava alguém supervisionando o portão. Na quinta-feira dia 24 já com a pulga atrás da orelha, liguei para a telefônica para saber se o meu pedido estava bem. Eles novamente me informaram, acreditem se quiser friamente me disseram que ele foi cancelado. Novamente forças “ocultas” estavam trabalhando contra mim. Preparada psicologicamente fiz novamente o pedido. No final ela perguntou que nota daria para o atendimento. Quase a mandei plantar batatas! Mas como sabia da punição que eles nos dão, fiquei em silêncio e pra não ficar em branco disse a ela que daria uma nota depois do serviço feito.  Ontem sexta-feira, ao observar o movimento da rua, avistei um carro da telefônica, um dos homens estava em cima da escada e o outro conversava com um outro que estava sentado na guia da calçada. Perguntei a ele se ele estava com o pedido do numero 178, ele fazendo piadinhas a respeito disse que já tinha vindo várias vezes na minha rua e não tinha encontrado o meu número. Não tinha encontrado o meu número? Mas como? O meu número esta em uma placa que chama a atenção de qualquer um? Esta esculpido em uma madeira feito em letras coloridas e logo acima dele consta até o nome da rua. Todo mundo vê, além do que é o mais bonito de todas as casas! Mandei fazer essa placa por um artista em Monte Verde/MG.  Levei o homem até a frente da minha casa e mostrei a ele. Sem existir desculpas ele começou a arranjá-las. Ah, mas sabe o que é a escada terá que ficar no meio da rua.  Se o problema é a escada eu seguro ela para o senhor.Disse a ele. Ele olhando pra mim, como um vendedor vendendo o seu produto, argumentou: Ah, mas sabe o que é será que o fio dará para se encaixar junto com os demais? Perceberam? Ele jogava esperando que eu perguntasse: Quanto é o serviço? Moro no centro da cidade. No final da rua principal. Minha casa é um sobrado. Os fios do telefone do meu inquilino e da vizinha do lado estão parafusados na parede da minha casa e o poste atravessando a rua. Qual é a dificuldade?A dificuldade se chama: “Os fins justificam os meios”. Alguns minutos depois liguei para a telefônica e perguntei se o meu pedido ainda existia, ela disse que sim. Então eu contei a ela todos os fatos desde o dia em que me foi oferecido dinheiro para fazer o serviço por outros meios. Ela ficou ouvindo o meu desabafo um tanto enlouquecido.  Hoje sábado estou aqui em casa de plantão, sem telefone há quase um mês, a conta vence amanhã dia 27, sem internet pra conversar com meus amigos e esquecer que a desonestidade é uma regra e não uma exceção. E que ela desonra a nossa época.

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