Linha 4 amarela do metrô - Onze anos depois




Onze anos depois....

Onze anos é muito tempo. Quem se lembra do ocorrido? Exceto as vítimas das vítimas ninguém mais. Começando por você que agora lê o que escrevo. Conforme for lendo, vagamente irá se lembrando.
Novidades sobre o caso qualquer um pode encontrar, desde que seja um pesquisador nato e goste de ler fatos que incomodam. Vá até o google e achará, basta digitar: construção da linha amarela. Se estiver com preguiça deixe que eu te conto. Senta ai que lá vem a história....






Passados exatamente onze anos do desabamento na linha 4/amarela do metrô de São Paulo, ocorrido em 12 de janeiro de 2007, nenhum dos 14 acusados pelo acidente, que provocou sete mortos foi levado a julgamento. O processo arrastou-se lentamente pela justiça Paulista que não conseguiu sequer concluir as audiências com as testemunhas do caso. A perspectiva foi de impunidade, já que os crimes prescreveram em 2015. E o que isso significa? No jargão popular significa que tudo acabou em pizza. No juridiquês prescrever se caracteriza pela a perda do direito de punir do Estado pelo transcurso do tempo
Talvez você ai do outro lado da tela esteja me dizendo: E o que você esperava? Em que mundo você pensa que vive?



Eu não esperava tamanha safadeza daqueles que foram colocados no poder para cuidar do meu, do seu bem-estar. Algum de vocês já estiveram lá e tiveram a noção do tamanho do buraco? Basta ficar olhando as escadas rolantes sem fim. Imaginaram como seria a dor de uma queda daquela natureza? É mais fácil pensar que quando alguém sofre uma queda repentina não sente dor. É pá pum. Como aquela história para boi dormir sobre a queda de um avião a 11.00 metros de altitude... que não dá tempo de sentir a dor e etc e tal. Alguma vitima voltou para contar?
Sete vidas. Vou apresentar a vocês cada uma delas. Estão atentos?


Abigail Rossi, de 75 anos, aposentada, esposa, mãe, avó. Cícero da Silva, 58, office-boy, esses dois caminhavam pela rua Capri. Pela rua não, pela calçada, e ao lado deles existia uma rua e não um buraco. Pois se soubessem o que existia embaixo daquela rua e a qualidade do trabalho que estava sendo feito eles não estariam naquela região. 
Francisco Torres, 48, motorista de caminhão, estava trabalhando no canteiro de obras naquele dia
No mesmo local, o motorista de lotação Reinaldo Aparecido Leite, 40 anos, o cobrador Wescley Adriano da Silva e os passageiros Valéria Alves Marmit, 37, advogada, e Márcio Alambert, 31, funcionário público, circulavam rumo ao ponto final da lotação, no bairro de Pinheiros, vindos da Casa Verde. Todos foram engolidos pela cratera.
 A busca pelas vítimas durou 13 dias. Treze longos dias sem nenhuma esperança...


Quanta sujeira veio a tona.... a mais imunda.... esta toda ela escrita nos autos.... cheio de detalhes abomináveis, que se resume no descaso da empreiteira Odebrecht e do Estado.... Sete vidas no lugar errado e na hora errada.... Omissão descaso, improbidade era o que rolava lá dentro do buraco. A turma da pesada e do dinheiro estavam todos cientes da fabricação de uma casca de ovo e mesmo assim continuavam dando continuidade na obra de vento em popa* (*ou seja que está tudo bem)


Na inauguração da linha 4/amarela-Pinheiros os parentes dos mortos pediram ao governador e ao prefeito e a todos os outros cheios de pompa e arrogância que colocassem uma plaquinha ali naquela "majestosa" estação. Uma misera plaquinha de lata com os nomes dos mortos que deixaram pai, mãe e filhos ao deus dará, ou a sua própria sorte. Claro que ouviram o pedido que entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Seria uma lembrança  vergonhosa para o Estado....




Marcia Lailin Mesquita

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