Marco de Canavezes - Minha cidade

 


Cheguei em Marco sexta feira passada com duas malas pesadas, cansada, sem nenhum sonho, na altura da campeonato não me peçam  muito. Por quatro dias e quatro noites fiquei em uma casa na Aldeia, aldeia em Portugal significa um lugar minúsculo, entre aspas,  apartado da cidade onde moram pessoas que nasceram e envelheceram e por ali irão para a ultima morada. Em meu pais damos o nome de vila, como a vila de Monte Verde em Minas Gerais. Assim como em Minas aqui em suas aldeias tem aquele tipo de pessoas que chamamos de caipiras, que plantam e colhem, só que ao contrário dos caipiras de Monte Verde que andam de cavalos ou de motos (motas) os daqui andam de carros, muitos, em sua maioria tem casas e carros de primeira categoria, ou seja, de ricos. Alguns desses moradores estiveram em países próximos como Suíça trabalhando e conseguiram uma grana ou uma aposentadoria e assim compraram um pedaço de terra onde plantam, maçãs, vinhas, e outros tipos de alimentos que possam lhes trazer algum retorno ou troco em forma de deposito em dinheiro. 

E na cidade de Marcos o que existe? Nada! Como em todas as cidades, o nada esta presente pois sai de dentro da gente. O que vejo quando saio e ando pelas ruas da cidade além do silêncio e alguns carros que passam, e  um numero pequeno de gente, gatos pingados na rua. Não sei onde estão as crianças e muito menos os animais. Seria Marco uma cidade dormitório? Uma boa pergunta que não encontro resposta, embora o senhor google tenha algumas informações interessantes. Marco pertence ao distrito de Porto. Isso quer dizer que eu sai do Porto mas ainda estou no Porto? Talvez em um café eu tenha a sorte de encontrar um marcocaneveziano que possa explicar a mim, uma curiosa sobre os fatos já que o google tem tudo em uma forma técnica de escrever, teria eu que ir ate seus limites para saber onde estou, onde me encontro no universo além do planeta terra. Sim, estou no planeta terra, no norte de um país de nome Portugal. A sua área total para mim acostumada a andar 5, 10 km é gigante, assim como seus habitantes, acostumada estou a viver com no máximo 4, 10 pessoas. Quando leio que a cidade esta limitada isso significa que esta cercada e que vivo dentro de um vale? se a resposta for sim, é exatamente isso que vejo da minha janela do prédio de 4 andares, vejo uma verde montanha, onde se localizam as aldeias de Marco e são essas aldeias que quero conhecer, preciso conhecer um caminhante, alguém que pegue seu alforje e caminhe comigo pelo meio delas, e conheça cada uma pelo seu nome e sua origem e a contribuição que cada uma produz para transformar tudo em fartura e riqueza para um povo. Em seus limites ao norte esta Amarante, a leste Baião, ao sul Cinfães, a sudoeste pelo Castelo de Paiva e a oeste por Penafiel. Mais interessante que isso foi saber que Marco tem a seus pés o rio Tâmega seria ele tão poderoso como o Rio Negro? E mais ainda como o rio Nilo? Talvez alguém possa contar sobre o Tâmega. Gostava de ouvir, de ver.  Quando se lê não é a mesma coisa que ver. Por exemplo, como será os solares e as casas senhoriais deixadas pela nobreza e as igrejas em estilo barroco e que dizer da criação do concelho fato esse que envolveu um salteador português  de nome Zé do Telhado, Adriano José de Carvalho e Mello e D. Maria II, história que mais parece ter sido tirada do livro era uma vez uma lenda. Contudo devo dizer que as informações a a historia parecem não ter fim, mas eu vou ficando por aqui na espera de uma voz poética, histórica, que surja do anonimato e conte sobre o nascimento e vida de Marco sua cidade, sem tirar nem por, de forma simples e precisa assim como esta sendo esse povo que estou mantendo um curto dialogo ao pedir informações sobre ruas, e destinos pelos quais devo seguir.


Se todos os rios são doces, de onde o mar tira o sal?
Como sabem as estações do ano que devem trocar de camisa?
Por que são tão lentas no inverno e tão agitadas depois?
E como as raízes sabem que devem alçar-se até a luz e saudar o ar com tantas flores e cores?
É sempre a mesma primavera que repete seu papel?
E o outono?... ele chega legalmente ou é uma estação clandestina?

(Pablo Neruda)

Márcia Lailin Mesquita

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Palhaço vassourinha, Damião, Blá blá blá

Resumo do filme - "Bicho de sete cabeças"

Vera Loyola - e o insustentável peso da futilidade