A vida como ela é. Nelson Rodrigues e toda tristeza será castigada




A vida como ela é....
Leio dois escritores ao mesmo tempo: Nelson Rodrigues e Clarice Lispector. Pulo de um para outro na medida em que minhas emoções ficam afloradas e uma modifica a outra. Com Nelson tenho sempre a sensação de uma família esfacelada com um tiro mortal dado em seu irmão Roberto, mas pensando bem acho que tudo começou não foi bem ai, já veio do útero é algo inerente a Nelson a melancólica, a depressão, a consciência: "Eu sou um triste!".


Hoje foi o dia de ler: “A menina sem estrela”. A história é sobre seu relacionamento adultero (isso nas entrelinhas, pois para saber isso não encontrei em suas crônicas e sim na biografia escrita por Ruy Castro) com Lucia a união dos dois e o nascimento de uma filha cega com paralisia cerebral.

De onde veio meu interesse Rodriguiano?


O único filme de Nelson que vi e isso foi recentemente, mais precisamente no ano passado: “Toda nudez será castigada”. Estava procurando um filme na internet e pensei porque não esse que nunca vi? A curiosidade não foi por suas peças ou suas frases fulminantes e curtas, foi uma biblioteca. Elas me atraem como um labirinto a ser desvendado. Jogo-me e crio asas e ninguém consegue me tirar de lá a não ser eu mesma de livre e espontânea vontade. Não sei quem foi, mas alguém me disse, ou eu me perdi no subsolo do prédio e ao sair do elevador vi no fundo do corredor a estante com livros... Fui levada por meio de magia pura até eles e comecei a olhar o titulo um por um... Só quem conhece esse cheiro de folhas amarelas que pertenceu um dia a alguém sabe... Só quem conhece e admira literatura da pesada pode entender a força que me prendia ali e me levou quase todo dia para o subsolo onde estava o refeitório e onde ficava o pessoal da limpeza que passavam por mim como se eu não existisse e muito menos os livros. Adorava isso, pois eram meus todos meus e não iria dividir com ninguém, aliás, ninguém queria mesmo. Os livros foram doados em sua maioria por um tal de Marcelo Elias (omito o restante para preservar sua identidade) quando ele estava iniciando o ensino médio na década de 80. Todos sem exceção contem uma frase no inicio em sua maioria um pensamento de Montesquieu e seu espirito das leis, afinal Marcelo viria no futuro talvez induzido pela mãe ou alguém da família a ser tornar o Dr. Marcelo Elias... Fiquei tão fascinada pelos presentes deixados ali que digitei seu nome no google e descobri que ele trabalhava ali no prédio, era um Procurador Federal. Vocês já me conhecem, e devem imaginar que fui até sua sala agradecer.

E depois?
Depois foi isso: uma profunda e triste descoberta da vida como ela é


Márcia Lailin Mesquita - Talvez tenha escrito em 2015 ... 



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