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Mostrando postagens de 2016

Meu tipo inesquecível - Nelson Rodrigues

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<3 Com indisfarçado orgulho, o “Correio da Manhã” anunciou durante uma semana, em chamadas de primeira página, as “Memórias de Nelson Rodrigues” para o dia 18 de fevereiro de 1967, uma quinta feira. E ele entregou em grande estilo. Começou dizendo que nascera no dia 23 de agosto de 1912, no Recife. Duas linhas depois, Mata Hari estava ateando paixões e suicídios nas esquinas e botecos de Paris - e, daí a vinte linhas, a ação passava  para o presente para a esquina de São José com avenida Rio Branco, com um camelô agitando um folheto e gritando: “A nova Prostituição do Brasil! A nova Prostituição do Brasil”  Nelson descreve seu estupor. Nunca vira uma prostituição sendo apregoada nas ruas como se fosse sabonete, E o que mais o estarrecia era o povo passava pelo camelô, numa espécie de escoamento vacum, e ninguém achava nada estranho naquilo. Finalmente Nelson deu-se conta: fora vitima de um monstruoso engano auditivo. O que o camelô estava gritando era: “A nova Co...

A vida como ela é ....

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A vida como ela é.... (De Lai e não do Nelson) Tem dias... Tem dias que dá uma vontade de falar com alguém. Alguém que não esta mais presente fisicamente, mas que vive na memória. O escritor Caio Abreu em uma de suas viagens para a França escreveu: “Então me sentei no banco de Quai de Bourbon de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, do outro lado da rua. Na fachada  estragada pelo tempo lia-se: II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) - frase de uma carta escrita por Camile Claudel a Rodin, em 1886. Não estava em um dia tristíssimo assim como Caio. O caso é que sempre que passo por essa rua em frente desse cemitério e vejo essas senhoras portuguesas com seus maridos suas netas ou suas filhas, vendendo suas rosas, violetas, jasmins, cravos de defuntos... Lembro-me da minha mãe. Sinto o espirito dela próximo de mim. Sou acometida por uma vontade louca de comprar um...

A vida como ela é. Nelson Rodrigues e toda tristeza será castigada

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A vida como ela é.... Leio dois escritores ao mesmo tempo: Nelson Rodrigues e Clarice Lispector. Pulo de um para outro na medida em que minhas emoções ficam afloradas e uma modifica a outra. Com Nelson tenho sempre a sensação de uma família esfacelada com um tiro mortal dado em seu irmão Roberto, mas pensando bem acho que tudo começou não foi bem ai, já veio do útero é algo inerente a Nelson a melancólica, a depressão, a consciência: "Eu sou um triste!". Hoje foi o dia de l er: “A menina sem estrela”. A história é sobre seu relacionamento adultero (isso nas entrelinhas, pois para saber isso não encontrei em suas crônicas e sim na biografia escrita por Ruy Castro) com Lucia a união dos dois e o nascimento de uma filha cega com paralisia cerebral. De onde veio meu interesse Rodriguiano? O único filme de Nelson que vi e isso foi recentemente, mais precisamente no ano passado: “Toda nudez será castigada”. Estava procurando um filme na internet e pen...

Tribunal da relação do Porto e outros cantos e contos

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 Tribunal da relação do Porto  Quando eu perguntei a um tuga onde ficava o prédio da cadeia da relação do Porto quase cai de costas quando ele apontou e eu dei de cara com o tribunal que chamo de justiça. Raios, é esse o local, pensei. Já tinha estado ali perguntando o dia e horário das audiências, queria assistir. Era época de férias. O recepcionista olhou para mim e deu uma ris ada. Claro que entendi. Foi assim que cheguei no Porto no meio de um monte de risadas. Quero saber quem ira sorrir por ultimo. Hoje nem olhei para o lado da recepção e fui direto para as escadas. Não podia falar o motivo de ter vindo. Quem iria entender? Fiquei parada indecisa. Que lado tomar. direito ou esquerdo. Não queria ser vista por eles, vai que me convidassem para se retirar. Afinal neste país não sou nada, além do que, carrego a má fama apregoada a mim por desafetos. Peguei a agenda para me localizar. Tinha escrito as coordenadas. Mas onde? Posso perder minha agenda a vontade pois é um e...