Precisamos falar sobre o Big One e Joshua Tree

 


Na aula de inglês na terça-feira passada a professora deixou com cada aluno o jornal News, aqui da região, mas não falou o que deveríamos ler. Eu em casa tomei iniciativa e comecei pelo inicio, a primeira pagina. Drop, cover and hold on. Percebi que era uma noticia de esclarecimento para a população caso ocorra um terremoto. O que devemos fazer diante de um terremoto e o chão comece a tremer e a se mover sob os nossos pés. Comecei a pesquisar e a fazer perguntas aqui em casa para o meu parceiro. Pelas suas respostas e fisionomia, percebi que isso não o abala  nenhum pouco. Ele ate justificou que essas coisas, esses tremores são comuns, assim como o nascer do dia. Então ele fez uma relação de tudo que pode acontecer neste país: Tornados, furacões, incêndios... Gostei de ver essa resignação americana, pois é tudo o que eu preciso. Eles não comentam sobre isso, não fazem alardes, não arrancam seus cabelos, não se desesperam. Se informam, e tomam medidas que podem. Se tiver que perder, perdem tudo que tem em tragédias e vida que segue. De onde vem essa força?
 

Não sei porque isso deva me surpreender, afinal passei três longos anos conhecendo a personalidade de um americano. Ele na América  e eu em Portugal. Eu desde jovem tinha fascinação pela força americana, força essa que eu via em seus filmes de bang bang que eu amava. Bonanza, Big Walley, James West, Laredo, Gunsmoke, Daniel Boone, Os Waltons, e tantas outros, sem falar na relacão de filmes que comecei a arquivar em minha memoria desde o seu nascimento com os irmãos Lumiére  filmes que deixei de ver no final da década de 90, pois começou a surgir a época dos trash e da decadência cinematográfica onde tudo virou o tudo por dinheiro. Sobre sua literatura, seus escritores e seus poetas nem tenho o que comentar, pois ainda não cheguei aos cinco melhores, pois a lista é enorme. E assim, acho melhor que tudo fique no passado e eu lembre vez ou outra, para sentir aquele gostinho amargo de nostalgia. Confesso que não estava em meus sonhos estar aqui, ou seja não antes de 2021 o ano da peste. A peste separou muita gente em compensação juntou outros que nunca imaginaríamos existir. Foi tão triste e amargo o dia em que vi pela televisão ao vivo e a cores a queda das torres gêmeas, o ônibus espacial explodindo no ar, as inundações do rio Mississipi. E tantas outras perdas que acontece e que me abala, não somente eu mas o mundo, pois a América, faz parte de mim. Torcia por esse pais, como quem torce pelo seu time de futebol. Em Portugal esqueci da américa, pois parece que a Europa se basta a si mesma. Nós da américa do sul, pelo contrario, precisávamos da América para uma relação de coisas sem fim. Eu tive a minha relação e reconheço e agradeço. Voltando ao tema...


Quando ainda em Portugal fiz a lista dos lugares que gostaria de conhecer.  A Falha de San Andreas estava na lista, juntamente com o deserto de Mojave. Não imaginava que os dois são como um barril de pólvora. O primeiro por ser igual a uma panela de pressão invisível em sua instabilidade o segundo conhecido como sendo o vale da morte. Espero conhecer o deserto no inverno se é que existe inverno por aquelas bandas. O google traz  fotos feias desses lugares, sem cor, estranhas, sem vida. Ele quer me assustar dizendo que é um deserto onde não há coisa alguma, somente pedras. E eu vou mostrar a ele, esse pai dos burros, que ele está redondamente enganado


Perdoem ele, e não eu,  por essas fotos apagadas. Estive próximo ao deserto e posso dizer que é aquilo que imaginei: Belíssimo. Fui a uma exposição em Lancaster, onde fotógrafos, pintores e outros com sua arte, com sua fala, deixavam os visitantes esclarecidos e estarrecidos sobre o que esta acontecendo em Joshua Tree. Fomos pela rodovia estadual 14. Rodeada de montanhas com varias pistas e os carros e a paisagem passando por mim como flechas dos índios Sioux. Meu parceiro não é muito de falar sobre o que irei ver, a não ser que eu pergunte, e enquanto voamos por aquela estrada sinuosa, é melhor ficar de boca calada e pensar. Ele me dá inteira liberdade de entrar em seu mundo sem que ele me diga nada e que eu tire minhas próprias conclusões. É o que faço. A exposição serviu para alertar os convidados sobre algo que eu não sabia. A extinção do Joshua Tree. Joshua Tree é uma árvore que cresce exclusivamente no deserto de Mojave


Árvore que só existe no deserto 🌵 da Califórnia. Dá nome a um dos grandes parques nacionais dos EUA, o Joshua Tree. Foi um grupo de mórmons que ao se deparar com a vegetação única, achou que as árvores lembravam o profeta Josué que ergue as mãos aos céus em oração. Assim nasceu Joshua Tree.
🌳 ou árvore de Josué.
🌳 ou árvore de Josué.


Diz a historia que elas sobreviveram a mamutes e tigres dentes-de-sabre. Mas sem uma ação drástica para reduzir as mudanças climáticas, uma nova pesquisa mostra que as árvores de Josué não sobreviverão muito além desse século. As árvores de Josué como espécie existem desde a era Pleistoceno, cerca de 2,5 milhões de anos atrás, e árvores individuais podem viver até 300 anos. Uma das maneiras pelas quais árvores adultas sobrevivem tanto tempo é armazenando grandes reservas de água para resistir a secas. Árvores e mudas mais jovens não são capazes de manter reservas dessa forma, e a seca mais recente, de 376 semanas de duração, na Califórnia, deixou o solo em alguns lugares sem água suficiente para sustentar novas plantas jovens. Uma descoberta adicional é que nas partes mais frias e úmidas do parque a maior ameaça além das mudanças climáticas é o fogo. Menos de 10% das árvores de Josué sobrevivem a incêndios florestais, que foram exacerbados nos últimos anos pela poluição atmosférica de escapamentos de automóveis e industriais. A poluição atmosférica deposita nitrogênio no solo, que por sua vez alimenta gramíneas não nativas que agem como combustível para incêndios florestais. Não se faz um país com árvores, mas sim com ganância, e as batalhas para preservar a natureza nunca foi levada a sério


Sim, foi uma exposição que aconteceu no sábado 07.09.2024, foi interessante, bem organizada, com quadros e gente bonita, mas foi triste. No parque de Joshua Tree, tem uma placa que diz: "Não morra hoje". Esperamos que não, eu porque planejo ir passar uns dias no deserto, estou somente esperando a temperatura esfriar quero conhecer o deserto que tão bem descreveu o menino Tistu, na voz de Maurice Druon. Enquanto isso vou desejando, esperando que esse deserto cor de pastilha cor-de-rosa, com sua vegetação, seja devolvido ao seu céu, à sua solidão e à sua liberdade de existir. Será um ode a alegria. (Ode (do grego antigo ᾠδή ōidē) é um poema de estilo particularmente elevado e solene, elaboradamente estruturado, descrevendo intelectual e emocionalmente a natureza e o mundo)

Galhos alcançam o céu como braços
sozinhos entre areia e sol
esperando uma resposta



Marcia Carter em 11/09/2024 - CA

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