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Mostrando postagens de janeiro, 2018

crônicas de duas cidades

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Tão longe, tão perto... Ontem encontrei uma senhora em um café na cidade de Braga. Brasileira do Rio de Janeiro. Logo mais estaria pegando o comboio para Famalicão ia visitar a filha. Olhei para seu rosto marcado e depois para seu corpo e perguntei: “Há quantos anos esta morando neste país” - Há trinta anos – disse-me ela Trinta anos... Pensei atônita Levei um choque ao retornar lentamente no tempo de trinta anos... Novamente olhei para seu rosto, suas mãos enquanto pegava a xícara de café e com a outra mão procurava um lanche, pão com queijo, na carteira (bolsa) que trazia no braço... Devo dizer que fiquei chocada. Trinta anos de angústia... É claro que não iria perguntar a ela como se sente hoje como se sentiu dia a dia, ano após ano. Claro que não. Pois já sabia o que iria dizer, iria mentir e dizer o quanto foi feliz e hoje vitoriosa... Sentia a verdade em seus olhos escuros e em seu sorriso triste. Do seu coração ainda se podia ouvir gritos de socorro durante aqu

Hotel fazenda Itapuá

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Não tive coragem de entrar no salão... na recepção... nos lugares que passei durante o tempo em que ai fiquei. Não foi preciso pelo lado de fora revi os relógios antigos e os moveis trazidos do Embu das artes pelo seu pai... ainda trago comigo a fisionomia dele...  Andreas ... na sala que parece ser hoje a recepção Ele perguntando de onde vinha e o que faria ali... Lembro da manhã ensolarada e os beija-flores na janela... você com seus longos cabelos encaracolados sorrindo perto dela, sua mãe Cristina, tão linda, nunca cansei de olhar para ela a senhora sua mãe ... teria você na época, quantos anos? Quinze? Dezoito? Por volta deles... embora minha mente teime em dizer: Era uma garotinha de oito anos... Tento lembrar do nome da família de caseiros tão achegados e leais aos patrões, o único nome que me vem a mente é Clarice... Muitos já se foram... Ficou em minha mente a mulher que chegou pela jardineira da tarde com duas malas e desceu a estrada de terra, a mesma de agora, quase

Carlos Heitor Cony - Lua de São Jorge

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Cony Conheci Cony no início da década de 90, quando morava nas montanhas, já tinha o hábito de ler jornal, coisa que hoje abandonei completamente. Naquela época morava na última casa enfiada nas montanhas de M.V. E assim para preencher o tempo, quando cansava de olhar as nuvens descendo e subindo pela janela da sala, comecei a colecionar crônicas de jornal. O primeiro caderno, o cotidiano a ilustrada e o caderno 2, o resto eu jogava fora. Ia uma vez na semana até a Vila, a rua principal e ali comprava ou pedia para os amigos que assinavam que guardassem os jornais e assim fui adquirindo as crônicas de Cony. Na verdade, comecei com Tarso de Castro, mas ai ele morreu... e passei para o Otto Lara Resende, mas ai ele também morreu... recortava-as e colava em um caderno. Tenho esses cadernos até hoje, ruídos pelas traças. Recentemente folheando um, encontrei Lua de S. Jorge, procurei no google, achei no link da Folha de São Paulo que só autoriza o acesso se eu for assinante, como