A vida como ela é

 

Bom dia,

Não preciso começar falando sobre a luta durante três anos para o visto, tu já sabe de todos os detalhes, mas de uma outra luta que começou nos primeiros dias que aqui cheguei, fazendo com que eu ficasse aflita com um fato: a dificuldade de aprender inglês e conhecer os americanos. Precisava primeiro saber se eles desejam ser conhecidos ou ser amigos e  “amigos”,  entre aspas que seriam os falsos amigos. Quando ao caminhar eu olho para as casas da vizinhança, seus caprichos, sua organização, de como eles se preocupam até mesmo com as calçadas, percebi também que colocam placas na frente da casa. Placas de boas vindas. Teve uma que eu ate pensei que vendia sorvetes e perguntei a você se era isso, e tu respondeu ser uma forma de dizerem algo engraçado para quem passa. Isso comprovei ser fato, tanto que a primeira vez que vi uma e traduzi, fotografei e pedi a você que imprimisse a foto pois foi a primeira vez que vi em uma casa onde alguém dizia ser amiga aos seus vizinhos e que não tivessem medo que éramos amigos, independente de raças ou religião, inclusive colocou uma livraria livre na calçada e dentro um livro que chamou minha atenção de nome NOITE de Elie Wiesel. Fiquei a pensar quem leria um livro de tamanho impacto. Esses tipos de leitores devem ter passado ou se identificado com quem passou por situações de extrema necessidade, se conhece a obra de Eli Wiesel também deve conhecer a obra de Primo Levi, e de todo o resto, mas isso não tem mais importância, pois descobri ser somente um chamariz, um marketing, alguma coisa que muitos usam seja para vender um produto emocional inexistente ou seja para vender em concreto algo como seguros, viagens, roupas, cosméticos, e etc...



 Encontrei casas com objetos estranhos, como um enorme lobo, perfeitamente empalhado com roupas americana e em uma outra um esqueleto sentado em uma cadeira de balanço, exposto logo na entrada, como a dizer: morri e ninguém se importou. Talvez sejam essas duas casas as mais verdadeiras de todas. 



É visível a olho nu uma bandeira americana logo na entrada das casas seja de tamanho grande ou pequena. Encontrei também bandeiras LGBT, mas não encontrei uma mexicana e nenhuma outra de outro país, talvez exista em NY city. Como existem no Porto.




 Por falar no Porto, preciso contar sobre Silvia, a amiga italiana, a bondosa amiga italiana que encontrei na Itália e continuou minha amiga em suas viagens para Lisboa/Porto e foi ela quem me ajudou desde a Itália, até meu ultimo dia em que iria pegar meu voo para América, para estar com aquele que assumi um compromisso e minha palavra não volta atrás. Silvia usou de sua bondade em todos os sentidos, emocional e financeira. Estou contando fatos vistos e sentidos pela minha pessoa de forma física e emocional e para isso é claro que existem comparações, analogias, mas não uma critica feroz e sim uma compreensão sobre costumes, cultura e maneiras de ser, assim como conheci o português. Conheci tanto o português que na metade do caminho eu dizia a mim mesma: não quero ser portuguesa! Jamais! Mas no final do caminho já estávamos sentados na mesa tomando uma taça do vinho do Porto, e eu desejando ser portuguesa. Conheci um pouco do italiano e do francês. Eles me mostraram o obvio: São gente como a gente com erros e acertos. Voltando a Silvia... Ter que falar sobre ela seria uma longa crônica repleta de elogios. Procurei fazer o que ela me pediu, embora nunca tenha dito a ela o que achava sobre. E o que eu achava.  


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