Sobre confiança

 

Não queremos perder, nem deveríamos perder: saúde, pessoas, posição, dignidade ou confiança. Mas perder e ganhar faz parte do nosso processo de humanização - Lya Luft


28.01.23 - Estou na cama lendo e relembrando os dias que passaram, digo dias porque o tempo parece ser muito, embora para Deus 80 anos para nós, para ele são duas horas. Percebem nossa pequenez, eu percebo, e tomo consciência disso.
Em minhas leituras guardadas encontro uma mensagem diz o seguinte: 

"Você está enfrentando um grande desafio ao se casar com um estrangeiro e se mudar para cá. Você vai precisar do meu apoio e consideração. E terei que desafiar minhas expectativas distorcidas ao longo da vida. Nossa futura seriedade. Eu tenho visto você ser impulsiva no que diz, acho que pode ser uma maneira cultural de reagir que é mais forte do que a maioria das pessoas expressaria. Aqui as pessoas tendem a ser muito cautelosas com o que dizer, porque muitas pessoas se ofendem com muita facilidade. Sou uma pessoa séria que gosta de se divertir. Um verdadeiro geminiano. É uma realidade. Um amigo de longa data costumava trabalhar comigo, eu disse algo sarcástico em uma reunião uma vez, e no final da reunião ele disse a alguém que participou da reunião que embora eu pareça engraçado, sou tão sério quanto um ataque cardíaco. Ambos são verdadeiros. Sou amigável, mas cheio de intenção. Mas sou honesto sobre as prioridades, então não é difícil se relacionar. Você está muito vivo prestando atenção na vida. Você está disposta a considerar e aprender não presa em seus caminhos. Nós dois precisamos nos adaptar e nos ajustar, estamos iniciando um novo caminho juntos que nos forçara a reconsiderar quase todas as presunções. Você não é criada e condicionada como um americano (nós dois sabemos que como brasileiro você é tão americano quanto qualquer um dos EUA (mas não o estereotipo) Eu preciso sempre questionar minhas presunções tendenciosas e considerar sua perspetiva (que estou apenas começando a aprender) Todos os hábitos e presunções agora precisarão ser examinadas. Muito a aprender"


Sim, em três anos aprendi muito com você, mais do que imaginava aprender. Alias desde 2014, entrei em um processo de aprendizagem vertiginoso, que me faz ter medo de ter deixado escapar alguma coisa pelo caminho. É como olhar para uma janela diante de uma tempestade e depois olhar o após. Tão belo e diferente quanto o piano de Michael Nyman. Tema do filme de Jane Campion


As experiências sobre relacionamentos no meu caso foram aprendidas não somente por experiência própria, mas também por ouvir. Estava eu em uma manhã seguindo ate o bairro do Cerco , mais precisamente até a piscina municipal de Cartes, quando uma senhora a minha frente falava no telefone (telemóvel, celular). Dizia ela de forma irredutível e categórica que tudo estava acabado. Contava em detalhes o quanto ele fora cafajeste, enganoso como a serpente. Eu ouvia atentamente a historia e minha decepção era não ouvir a voz do outro lado com seus argumentos de dom Juan. Eu me interessei pelo fato , não somente por encontrar uma mulher tão exaltada com a voz alterada, quase aos gritos, mas porque eu tinha certeza quase absoluta que a voz do outro lado cedo ou tarde iria convence-la a não deixa-lo que tudo era um engano e que ela era a mulher de sua vida, e mais alguma coisa.  Em fúria ela dizia que não queria mais, que ele ficasse com a outra. Não pude ficar para ouvir o desligar ou não do telefone na cara da voz que justificava seus atos porque meu tempo estava se esgotando e eu virei na esquina enquanto ela seguiu seu destino. Eu simplesmente ouvi sem julgar, entendia o que estava acontecendo e no meu caso havia aprendido a lição, ser leal e  dizer sempre a verdade seja ela qual for e pedir sempre a opinião do parceiro seja lá o que for e descobrirem a melhor saída para toda situação. 

A confiança perdida é difícil de recuperar. Ela não cresce como as unhas.





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