1001 - Noites no facebook



Djanira Pio,

Você esta no face
não somos amigas
e isso não importa...

Já ia dormir quando passando pela estante peguei dois livros de contos
e me surpreendi com um que encontrei:
seu
De nome Amelinha
me apaixonei
então liguei o computador e estou aqui a te escrever
que nem tudo se foi
a história, o tempo a vida e a dona das histórias ....


Emoticon heart

Amelinha

Apesar do nome, existia. Feliz, menina de quinze anos, fazia um pouco de tudo... Cantava para ouvir o som de suas cordas vocais. Pintava com lápis, giz, aquarela. Lia. E nem sabia de sua versalidade
Casaram- na com um fazendeiro, quando fazendeiros eram bom negócio.
Amelinha continuou feliz, amou os bichos da casa, colocou toalhinhas bordadas sobre tudo. Plantas. Quitutes. Não havia DVD, mas não fazia falta. Ela cantava tudo. Músicas prontas e inventadas. Treinava e gostava.
Uma tarde o fazendeiro chegou e a ouviu cantando. Esperou um tempo de tão lindo que era, entrou e lhe deu uma surra.
- Por quê? - ela quis saber - teria o cozido ficado salgado?
- Você é esposa e não deve ser assanhada
Já não tinha mais quinze anos. Havia amanheceres e entardeceres e, com isso, o tempo passando.
Cantava cada vez mais baixo e parava quando se lembrava que era esposa.
Vieram tres filhos, não muito saudáveis. Explicaram a ela que nada havia a fazer, tinha praga de padre e contra isso nada era possível.
Aceitou. Cortou as tranças, engordou, mas seus olhos ainda brilhavam como faróis, dentro deles havia uma luz.
Um dia, de modo impreciso, soube-se que havia sido chamada por Deus.
- Como aconteceu assim tão de repente!
Nenhuma informação
Prometera contar tantas histórias sobre o seu viver, que algumas colegas diziam ser invenções
Ela própria não poderia escrever, era esposa e as histórias não eram de esposas.
Tudo se foi, as histórias, o tempo, a vida e a dona das histórias

Djanira Pio



A coisa mais estranha que ouvi esta semana
veio de um homem grande e barbudo
Ele estava aqui nesta pedra onde eu estou agora
olhando para uma jovem apontou lá embaixo para uma casa e começou a contar a ela a grandiosidade da casa e de seus donos
Prestei atenção em sua conversa e fiquei apavorada

Nossos pensamentos eram diametralmente opostos
Olhei para minha companheira do lado uma garota de 10 anos e perguntei a ela:
- Qual a sua cor preferida?
- Azul. E a sua?
- A luz do sol - respondi
- Hum, disse ela, isso quer dizer que você gosta de passaros e de mergulhar no lago. Minha cor preferida também é o amarelo por causa das folhas de platano que caem no outono. Nesta estação do ano começam as provas e logo mais as férias. Você gostava da escola quando era criança?
- Amava. Era meu segundo lar.
Foi um barato total de dia.
Ainda há esperança





Vende- se

Estava escrito na placa que vi no portão da casa
Azul - Imobiliária vende esta casa
Não tinha cadeado e muito menos o aviso:

Propriedade particular
Puxei o ferrolho do portão e entrei
Fiquei sentada olhando... Pensando
Quem seria o sonhador para uns
maluco para outros
Quem construiu uma linda casa no alto da serra
em um lugar de dificil acesso e com o tempo
cansou

desisitiu
se foi
pensei em tantas coisas
em tantos sonhos desfeitos,
desilusões...
Encontrei em Sergio Porto a resposta para minhas perguntas

Emoticon heart

A Moça e a varanda - Sergio Porto

Quem dobrasse à esquerda encontraria logo o portão. Abrindo-os, estaria no jardim - modesto jardim, onde outrora houvera uma roseira que morreu de solidão. Do jardim saía a alameda das samambaias que daria acesso à varanda. Em dias de domingo — que os havia plenos de luz e de azul — já a meio caminho, entre as samambaias, um ouvido mais familiarizado conosco, os de lá, poderia distinguir facilmente os risos da gente. Ríamos muito, naquele tempo.
Da varanda, que dizer? Algumas cadeiras de vime, a mesinha que tinha um pé mais curto que os outros e dois jarrões, um em cada canto, cujas plantas (nunca lhe soubemos o nome) davam umas florzinhas amarelas e cheirosas no mês de abril, para contrariar o outono.
A entrada era uma apenas, pela direita, subindo-se a escada de mármore de três degraus. O resto da varanda era rodeado pelo patamar onde havia, no centro, uma jardineira. Depois que o último de nós ficou mais crescido e menos travesso, ali floriram gerânios.
Hoje, quem me vê diz que eu já morei numa casa onde as cotovias faziam ninhos. Deus não me deixa mentir. No telhado da varanda, durante anos e anos, elas se hospedavam, para alegria nossa e inveja dos outros garotos da redondeza. Quando, pela primeira vez, falou-se em demolir a casa para construir o prédio feio que lá está até hoje, meu primeiro pensamento foi para os ninhos das cotovias.


Lindo né?
Pois foi isso que vivi naquele instante em que sentei e olhei para a casa abandonada
Emoticon heart 

Marcia Mesquita em 18.06.2015


Para reciclar um pouco, e não ficar ouvindo meus amigos portugueses dizerem
que brasileiros não tem o que fazer, só eles. Fiquei esta tarde em pesquisas e estudos ...
Emoticon heart
A Justiça reuniu 250 nomes próprios exóticos. Um problema que começa antes mesmo do nascimento e que tem como protagonista pai e mãe, está causando polêmicas pelo mundo. São os nomes, comuns na maioria das vezes, até por imposição da atual justiça, mas que consegue fugir as regras e tornar-se algo incomum.
No Brasil, pelo menos de acordo com a divulgação pública através da Internet, a justiça conseguiu reunir cerca de 250 nomes próprios super diferentes, exóticos, engraçados e até alguns “perigosos”.

Todos os nomes são de pessoa física e registrados nos cartórios brasileiros. São verdadeiras pérolas de criatividade do brasileiro em dar nome a prole.

Eis aí alguns deles:

Abrilina Décima Nona Caçapava
Agrícola Beterraba Areia Leão
Alce Barbuda
Amado Amoroso
Amin Amou Amado
Antônio Americano do Brasil Mineiro
Antônio Buceta Agudim
Antônio Ernane Cacique de New York (juiz aposentado do TRT da 22ªregião)
Antônio Manso Pacífico de Oliveira Sossegado
Antônio Querido Fracasso
Aricléia Café Chá
Arnaldo Queijo
Bananéia Oliveira de Deus
Bizzarro Assada
Bucetildes (chamada pelos familiares de Dona Tide)
Carabino Tiro Certo
Caso Raro Yamada
Céu Azul do Sol Poente
Chevrolet da Silva Ford
Cincero do Nascimento
Colapso Cardíaco da Silva
Comigo é Nove na Garrucha Trouxada
Danúbio Tarada Duarte
Deus É Infinitamente Misericordioso
Disney Chaplin Milhomem de Souza
Esparadrapo Clemente de Sá
Esperem Deus Mateus (Itabirito MG)
Estácio Ponta Fina Amolador
Faraó do Egito Souza
Farmácio Lopes
Robambole Simionato
Ro lando Caio da Rocha
Rolando Escadabaixo
Rômulo Reme Remido Rodó
Mimaré ??ndio Brasileiro de Campos
Ressurgente Monte Santos
Terprando Wilson Rego
Abxivispro Jacinto
João de Deus Fundador do Couto
Fedir Lenho
Horinando Pedrosa Ramo
Boaventura Torrada
Gravitolina Pereira
Telesforo Veras
José Teodoro Pinto Tapado
Hidráulico de Oliveira
Pelumendia Loureiro
Acheropita Papazone
Primeira Delícia Figuereido Azevedo
Adoração Arabites (masculino)
Chananeco Vargas da Silva
Francisco Notório Milhão
Leda Prazeres Amante
Serdeberão dos Anjos Pereira Vargas
Aldegunda Carames More (masculino)
Radigunda Cercená Vicensi Confessoura
Dornelle
Devercilirio Silveira da Costa
Hypotenusa Pereira
Clarisbadeu Braz da Silva
Presolpina Furtado
Asteróide Silveiro
Dosolina Piroca Tazinasso
Amor de Deus Rosales Brasil (Feminino)
Légua e Meia
Jovino de Almeida Aibare Militão de Souza a Baruel
de Itaparica Boré
Fomi de Tucunduvá Sansão Vagina
Alfredo Prazeiroso Texugueiro
Bandeirante Brasileiro Paulistano
Brandamente Brasil
Caius Marcius Africanus
Deusarina Venus de Milo
Dezecencio Feverencio Delegas
Dignatario da Ordem Imperial do Cruzeiro
Esdras Esdron Eustáquio Obirapitanga
Francisco Zebedeu Sanguessuga
Francisoreia Doroteia Dorida
Himineu Casamnentício das Dores Conjugais
Jacinto Leite Aquino Rego
Janeiro Fevereiro de Março Abril
Manolo Porras Y Porras
Lança Perfume Rodometálico de Andrade
Lindulfo Celidonio Calafange de Tefé
Manganes Manganesfero Nacional
Manuelina Terebemtina Capitulina de Jesus
Oceano Atlântico Linhares
Restos Mortais de Catarina
Romulo Reme Remildo Rodo
Sete Chagas de Jesus e Salve Pátria
Terebentina Terepenis
Um Dois Tres de Oliveira Quatro
Voltaire Rebelado de França
Na Ida Na Vinda Na Volta Pereira.





Emocionante e verdadeiro o texto abaixo
enquanto lia me senti na pele da avó
e do neto
Emoticon heart

Minha vó Rosa faz 115 anos hoje. Já era velhinha aos 59, quando me tornei seu neto. Nunca consegui imaginá-la jovem ou criança, e não há nenhuma foto sua dessa época para que a vejamos como a viram sua mãe Margarida, meu vô Tote. Mesmo depois, raramente se deixou fotografar. Suponho, por isso, que tenha nascido idosa.
Minha vó Rosa não tinha a menor vaidade - sempre o mesmo corte de cabelo, o mesmo rosto enrugado sem qualquer pintura, os mesmos vestidos maria-mijona, chinelinhos baixos. Andava pela casa procurando os óculos, com os óculos bem ali, diante dos olhos, acocorados sobre o nariz.
Tinha varizes imensas nas pernas, com as quais eu gostava de brincar. Eram macias, textura de nuvem. Me sentava junto das suas pernas e passeava os dedos pelo relevo lilás, arroxeado, encantado com as curvas, o pulsar vivo daqueles rios subterrâneos (subcutâneos), mas, principalmente, com sua maciez, sua consistência morna. Eu achava lindas as varizes de minha avó, como eram lindos seus cabelos cinzentos sempre presos com grampos, seus olhos aquosos, sua fala sem floreios (meu avô falava bonito, minha avó falava sem adjetivos, sem figuras de linguagem, sem essas palavras que só aparecem nas palavras cruzadas).
Da última vez que a vi, estava no hospital, desenganada. Apertou minha mão e me chamou de "meu namorado" - não sei se havia perdido a lucidez ou se nunca estivera tão lúcida. Fomos, sim, namorados - enamorados - desde que me entendo por gente. Sempre me fez todas as vontades, sempre insistiu pra que eu usasse agasalho (mesmo nas noites mais quentes) e não esquecesse o guarda chuva (o sereno é um perigo!). Sempre foi mais carinhosa que minha mãe - não é pra isso que servem as avós? - e me dava doces fora de hora, e me tirava do castigo, e não gostava que me batessem - esse menino não é jirau de pancada!
Não me contaram quando minha vó Rosa morreu. Se esqueceram do quanto eu a amava. Soube muito depois, por acaso, e talvez por isso nunca tenha acreditado na sua morte. Não a vi sem a respiração conflagrada de quem padeceu a vida toda de enfisema e (acho) como eu, da asma. Não a toquei quando já não havia mais calor no seu corpo, varizes estagnadas.
Procurei uma vez seu túmulo, em Eugenópolis - lugar onde nasceu e para onde a levaram, longe do meu avô, perto de seus pais, como se fosse ainda uma menina. Andei por todo o cemitério e não achei. Queria ler seu nome de flor numa lápide para me conformar com sua morte. Não vi o corpo de minha avó, não encontrei (não quis encontrar?) seu último leito. Talvez por isso nunca tenhamos deixado de comemorar, eu e minhas lembranças, o seu aniversário.
Parabéns, vó Rosa, nesta data querida. Muitas felicidades, muitos anos de vida.

Eduardo Affonso





E agora, que fazer? Como rever-te?
Como manter o sol que me acendeste?
É preciso esperar inumeráveis tempos
até que brilhes de novo em meu sistema?


Márcia Mesquita 






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