Sobre o ontem que passou



Sobre o hoje que passou

Sabe quando você sonha a noite toda depois acorda e não se lembra de nada?

Foi assim que acordei. Totalmente esquecida e com os olhos inchados de dar medo.
Seis pessoas sentadas na minha frente. 
Um jovem casal sentado no banco de idosos. 
Olharam as pessoas que estavam em pé, só olharam. 
(1) Tipo pra verem se valeria a pena se levantar ou não. Na penúltima estação um desceu e uma jovem senhora sentou... Seu rosto era uma mascara de dor. Em dado momento colocou a mão no rosto e chorou. Carregava em uma das mãos uma sacola da drogaria São Paulo com duas caixas de remédio. Foi ai que o jovem do lado descobriu que a pessoa que viajou o tempo todo em pé na sua frente existia e sofria.



(1) - Não se deixem enganar pela foto do vagão quase vazio. Isso foi às 13hs da tarde.



A quem devemos dar o banco preferencial?
A um cego ou a uma jovem senhora com artrose ou com pedras no rim? E aqueles que nem chegaram aos 40 e já são todos safenados? 
Que por castigo humano viajam 40 minutos em pé e meia dúzia de folgados sentados. Assim não entendo porque aquela correria para dar o lugar azul para um cego. 
Quem é mais cego ai? 
Dê ao cego, a gestante, ao idoso qualquer lugar e deixem o azul especial para os que estão literalmente e em silêncio morrendo em pé.


Que mais? Desembucha tudo. São tantas coisas. 
Como essa de acordar todas as manhãs com milhões de macaquinhos no sótão. Até começar em cadeia nacional a participar de uma terrível lavagem cerebral e em menos de 15 minutos já esqueci tudo.
E por falar em esquecer, acabei de lembrar: 
era sobre a pressa que queria falar. 
A minha pressa eu perdi há muito tempo. E não foi quando envelheci.
Envelhecer foi uma consequência de ter achado a sabedoria. 
E quero dizer agora em alto e bom som que não adianta empurrar, me chamar de lerda, mandar voltar pra casa, minha pressa terminou no dia que percebi que esse povo corre para chegar a canto nenhum. 
E que, assim como o natal o carnaval tem espirito, a pressa tem um. 
E eu não tenho nenhum pingo de pressa para chegar até a parte que me cabe desse latifúndio



Acabou? 
Não, só mais uma coisa, nada irá mudar debaixo deste sol, 
por isso não se matem. Sugiro que leiam fabulas, esses belos escritos direcionados e divertidos. 
Ou se quiserem algo mais grandioso aconselho a tirarem a Bíblia empoeirada da estante, há anos estacionada no Salmo 23 e abram em 1 Samuel 24, o capitulo inteiro conta a história de Abigail, mulher de boa discrição e bela figura.

Beijinhos


lailin



Sempre Alerta – Millor Fernandes

Grande espirito, o daquele escoteiro. Estava na rua, segurando seu feroz cão policial, quando viu parar um ônibus. Os passageiros desceram, subiram, o ônibus pôs-se a andar. No momento em que o ônibus ia andando apareceu um velhinho tentando pega-lo. Correu atrás do ônibus. Quando já o ia pegando o ônibus aumentou a velocidade. No instante exato em que o velhinho, aborrecido, ia desistir do ônibus, o escoteiro não teve dúvida: soltou o cachorro policial em cima dele. O velho pôs-se a correr desesperadamente e, como única salvação, pegou o ônibus que já ia quinhentos metros adiante. O escoteiro segurou de novo o cão e voltou para casa feliz, tendo praticado sua boa ação do dia.

moral: No cerne da violência nem sempre há violência
 



Comentários

Anônimo disse…
Fabulosa cronista
Charles Netto disse…
Legal vim curtir aqui no seu blog (Y) joinha
Gostei muito deste teu texto, escorreito, muito direto na mensagem a passar, particularmente humano!
Um abraço
Hélder Gonçalves
Uma crônica muito realista,nua e crua da realidade
A qual descreve com exactidão o olhar d'um ser
humano sensível ao sofrimento alheio,nãos só
nas grandes coisas,mas naquelas pequeninas,
as rotineiras que mal percebe-se.

De facto a rotina de quem cumpre suas realidades
do dia-a-dia,não é nada fácil,é uma estafeira,que por
vezes pegamo-nos a analisar se vale a pena,correr,
lutar tanto.

Essa questão dos lugares especiais serem ocupados
por este ou aquele,cabe mas na questão da
ética,dos bons modos,mas sobretudo pela
ética do coração.

Esse mundo é uma selva, onde a rivalidade
egoista de cada um por si , é o lugar onde
somos obrigados por determinado tempo
a estarmos e o que cabe-nos é aquiecer-mos
a ponderação de onde cabe nossa intervenção
ou omissão.

Por essa e outras concordo plenamente
a respeito de desacelerar a pressa, de
atinarmos que não somos bois a caminho do
matadoiro,mas sim seres pensantes,que sentem
e sentem muito toda essa balbúdia que chamam
de terra e eu intitulo de babel.

Meus sinceros cumprimentos por tua partilha
um conteúdo de real valor.
marcia mesquita disse…
Obrigada a todos
Sim Ronilda David é tudo isso e muito mais ...
tenho a sensação de estar caminhando no corredor da morte ...

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