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Mostrando postagens de outubro, 2024

A indiferença, o silêncio dos bons, o fingimento, e como deixar de ser brasileiro

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                              O Brasil vai sair da barbárie para a decadência sem conhecer a civilização.                                                                           "Levy-Strauss" Concordo que no Brasil as pessoas dão preguiça, mas aqui  qualquer pessoa que se aproximar de mim eu acho incrível. Verdade, coisa mais difícil. O máximo que podemos ouvir é um pedido de desculpas se ao andar pelo mesmo local ocorrer um esbarrão. Bom dia ou um outro cumprimento ao caminhar pela mesma rua como Hi? Qual a possibilidade de ser atingido por um raio dentro de casa? Estima-se que as chances de uma pessoa ser atingida por um raio são de 1 para 1 milhão. Essa é a probabilidade de ouvir uma voz amigável e feliz dizer: Bom dia! O que devemos saber sobre as pessoas que não conhecemos? É o que estou tentando saber principalmente por causa de mal-entendidos que surgem quando nos envolvemos com pessoas que não conhecemos. É fato que a nossa abordagem a estranhos está repleta de jul

O deserto que existe em mim

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                         A metáfora do deserto se cristaliza no interior dos personagens! O deserto só existia em mim pelos filmes dos grandes diretores, das belíssimas imagens de David Lean, Bernardo Bertolucci, John Ford... Foram eles e uma centena de outros: Lawrence da Arábia, The Seachers, conhecido como rastros do ódio, Shane, este com a terrível tradução de os brutos também amam e por fim, O céu que nos protege, The Sheltering Sky . Deve ter existido outros que ora não lembro. Existia sempre algo de uma dura luta naquela areia, naquele sol escaldante  refletido nos olhos perdidos e melancólicos dos personagens.  Do inconformismo de uma alma buscadora em contraste com a mesmice e o vazio de uma vida de conforto e consumo, das cidades modernas, uma analogia perfeita do vazio humano com a paisagem do deserto do Saara. E depois existiu um livro. Eu estava na quinta ou sexta serie, não lembro ao certo e uma professora que não lembro de qual matéria, penso que deveria ter sido uma su

Carta para Julia Pinheiro

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       As coisas mais belas são ditadas pela loucura e escritas pela razão                                                                 (André Gide)                 Conheci Dona Rosa no Porto em 2017. morava com um filho solteiro de mais de 40 anos. Tinha dois filhos o menino de nome Miguel e a menina de nome Cristina, residia no bairro das Condominhas. Bairro cheio de prédios sociais e era em um desses que dona Rosa morava. Estava acima do peso e  tinha dificuldades de locomoção, não somente por causa da obesidade mas também pelos anos em que trabalhou de camareira, toda a sua vida. Agora enquanto penso nela, fico chateada por não ter tirado uma foto sequer dela, minto, tirei uma quando ela em dias calorentos tirava a roupa de cima e ficava andando pela casa com seus enormes seios caídos até quase a cintura seus cabelos desalinhados fumando e sorrindo ou falando uma conversa longa, as vezes desconexa, uma verdadeira personagem Felliniana. Talvez tenha alguma da igreja católica de S